Plano de aula
Claudinei Camolesi
Conto “Pausa” – Moacir Scliar
Público alvo: 8ª série/9º ano
Objetivo:
- Proporcionar ao aluno o reconhecimento da tipologia narrativa, com ênfase em conto;
- Explorar, desenvolver e ampliar capacidades de leitura;
- Desenvolver a leitura e produção textual;
- Motivar o aluno para leitura crítica;
- Reconhecer os elementos narrativos;
- Analisar e aprimorar o próprio discurso com uma visão crítica.
Conteúdos:
- Elementos da narrativa;
- Leitura de narrativas;
- Reescrita do final da história.
Competências e habilidades:
- Inferir elementos da narrativa;
- Reconhecer elementos da narrativa;
- Analisar características do conto e desenvolver competência leitora;
- Desenvolver o hábito da leitura de contos;
- Criar hipóteses a partir de informações dadas pelo texto (verbal e não-verbal);
- Analisar características do conto;
- Ler o conto em voz alta, considerando as entonações e pausas específicas desse gênero.
Estratégias:
- Roda de leitura
- Leitura individual e silenciosa dos alunos;
- Leitura compartilhada com pausas para discussão sobre o contexto no qual a narrativa se desenvolve;
- Discutir sobre estratégias de recontar e reescrever o final da narrativa.
Recursos:
- Caderno do professor;
- Xerox;
- Dicionário.
Avaliação:
- Leitura e análise de contos, usando questões que contemplem as estratégias de leitura; Produção da reescrita do final da história.
Suporte
pedagógico para o professor
Resumo
e análise do conto Pausa
O
conto relata a história de Samuel, um jovem rapaz casado com uma mulher
aparentemente mal humorada e de companhia desagradável. Todos os domingos
Samuel, também chamado de Isidoro, nome que usava como disfarce, era despertado
às sete horas da manhã. Se lavava, preparava sanduíches e saia de casa com o
pretexto de que iria trabalhar no escritório, mas, a realidade era outra, ele
direcionava-se para um hotel pequeno e sujo, onde era atendido pelo porteiro
que já o conhecia. Lá passava o dia inteiro dormindo, tentando se refugiar da
correria do cotidiano transformando o seu mundo em um mar de sonhos e só após
ser despertado por um relógio, retornava para casa, lentamente, observando a
paisagem, voltando ao seu mundo real.
A
utilização do título “Pausa” pode ser vista tanto como uma possível interrupção
na rapidez com que as coisas têm acontecido como também a necessidade de uma
reflexão acerca de sua existência e o reflexo dessa postura na sociedade vigente.
No decorrer do conto, vários caracteres da vida Pós-Moderna vão se apresentando
e criando forma através de objetos, atitudes, situações e sentimentos.
O
despertador, por exemplo, marca o tempo, a necessidade de cronometrar as
atividades a serem realizadas, a fim de, não esquecer e nem se atrasar. Para
essa narrativa, este é um objeto de extrema necessidade, pois, Samuel ao
ouvi-lo tocar, salta da cama e começa a rotina do dia, sendo uma de suas
atividades preparar sanduíches, comida de fácil e rápido preparo que marca o
processo de industrialização cada vez mais propício a atender a necessidade das
pessoas e também seu consequente lucro.
Através
do trecho: “Muito trabalho. Não há tempo. Levo um lanche” é possível perceber
como a velocidade tem invadido e tornado mecânico o cotidiano das pessoas tanto
pelo significado que elas apresentam quanto pelo uso de frases curtas.
O
autor também deixa transparecer a sua voz no desenrolar dos acontecimentos com
a expressão “dormir”. A personificação também é marca registrada em alguns
momentos: “cidade começava a mover-se, automóveis buzinando, noite caia” etc.
Ao
fazer a leitura deste conto a nossa curiosidade é aguçada, pois, apesar de,
apresentar aparentemente uma interpretação fácil, ele nos proporciona caminhar
pelas variadas vertentes que nos são apresentadas ao estudarmos o modernismo.
O
texto também apresenta a fuga do personagem Samuel, na tentativa se refugiar do
stress do dia-a-dia, ao construir uma outra rotina que é praticada aos
domingos. No entanto, por mais que ele se isole do mundo “real”, os seus
hábitos são característicos da correria do cotidiano, não tem tempo para
conversar com o porteiro, as mãos são limpas no próprio guardanapo e não
lavadas, enfim, a personagem muda as características de sua rotina, mas, o
aspecto da intensa velocidade que o rodeia é a mesma, a vida social está
presente em cada instante, pois como ressalta Fábio Lucas a sociedade
condiciona o homem e mesmo que se tente fugir dela é inútil.
Outro
aspecto relevante a ser observado é a angústia de Samuel durante o sono, pois,
mesmo depois de toda uma preparação para o tão esperado descanso, ele continua
agitado, sonhando com brigas, agitações, correrias. Alguns dos seus sonhos
tinham certa relação com a natureza, talvez por ser o seu desejo não realizado
por falta de tempo.
A
figura da esposa de Samuel é apresentada no conto com alguns aspectos que nos
leva a entender que há uma espécie de rejeição por parte do esposo. Samuel ao
se levantar evita fazer barulho para que ela não perceba que irá sair
novamente, prefere comer sanduíches a vir almoçar em casa, o diálogo entre o
casal é muito curto e antes que ela fale muito, ele pega o chapéu e sai.
Esta
suposta rejeição também pode ser identificada no decorrer do texto, num
primeiro momento a mulher aparece bocejando, em seguida ela o interroga com um
azedume na voz que pode ser interpretado de duas formas, ou ela está acordando
naquele exato momento, ou está de mau humor e cansada, e por fim, ela aparece
coçando a axila esquerda, comportamentos estes que leva a um suposto desmazelo,
que também pode ser motivo para o desprezo do marido.
Durante
toda a narrativa, a presença de objetos identificadores do tempo é constante, e
isso, nos faz refletir que cada momento é cronometrado, que a história é
formada em torno de um círculo, de uma rotina, que por mais que a personagem
tente construir outro mundo, fugir daquela situação, mudar de nome, ela sempre
estará presa a determinados padrões e comportamentos que já estão inseridos na
cultura do homem moderno.
0lá Claudinei, tudo bem? li o resumo da qual fizeste sobre o texto Pausa . Percebe-se que há fases do percurso de Samuel que são vividas em clima de ceptismo , períodos complicados e infelizes , da qual levou-o a deixar de acreditar na sua capacidade , preferindo viver em fugas, esquecendo-se de que a vitalidade da vida está na nossa relação com as coisas , com as pessoas , com os nossos compromissos . Ele deixou de entender que não somos os acontecimentos da vida, , mas somos a relação com esses acontecimentos , e a condição essencial para avançarmos na vida é sabermos exatamente o que queremos e o que escolhemos .E este texto nos ensina que nunca é demais lembrarmo-nos que a qualidade de vida depende em grande medida da qualidade das relações . Qualidades estas que ele não as tinha , porque preferiu recusá-las , recuando-se e inventando outros caminhos para a sua sobrevivência. ABRAÇOS! Aguida Daria.
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